domingo, 18 de novembro de 2012

O movimento inexorável da vida...

Canção de Esperança...

Há quem diga que não se pode fugir do passado e que ele constantemente virá nos buscar com suas verdades por dizer. De minha parte digo... a verdade pode condenar, mas ela redime e condena a há um só tempo. Hoje acordei e sai apressado para passar visitas no hospital... esperava voltar cedo mas fiquei até o final da tarde numa craniotomia. Quando cheguei fui recebido com uma notícia alegre e excêntrica. Meu pai recebera uma visita de um paciente que recebera seus cuidados na década de 70. Tratava-se de um escritor, membro da academia brasileira de letras. Nos idos daqueles tempos conturbados de ditadura, esse escritor foi vitimado por um tiro. na cabeça, recebido pelo meu pai e submetido a intervenção cirúrgica. Ele relatou que depois de acordar procurou meu pai por diversos hospitais da capital sem sucesso e acabou desistindo. Por esses dias ele foi notificado pela prefeitura de Bauru, sobre alguns terrenos que ele tem por aqui e que ele deveria realizar a limpeza. Vindo a prefeitura, enquanto aguardava, contou um pouco dessa historia dramática a atendente que lhe auxiliava e mostrou um dos livros com a dedicatória aos médicos que o ajudaram naquele dia. A moça olhou a contracapa do livro em silêncio por algum tempo e disse: "Mas conheço esse médico... ele é daqui da cidade." O escritor não se conteve... chegou entusiasmado na casa do seu primo contando sua descoberta. O primo riu algo espantado e retrucou "Mas o Mazzucca??? Oras o Mazzucca é meu cliente amigo há anos!!! Ele mora aqui perto..." e através dessa série de coincidências ele chegou a nossa porta, depois de aproximadamente 40 anos. Não deixo de pensar o significado dessa experiência para meu pai, parcialmente restrito ao leito após um acidente vascular encefálico, com um dos braços imobilizado; uma lembrança de que tempo ainda não apagara quem ele fora e que o eco de suas ações ainda ressoava uma canção de esperança e gratidão que a velhice e a tristeza o haviam feito esquecer...

domingo, 14 de outubro de 2012

Solidão - cont.

Hoje ela me acordou as cinco da manhã perguntando o que eu tava fazendo. Acordei um tanto confuso e perguntei se estava louca... ela caiu para o lado e começou a chorar... o teste havia dado positivo... a única coisa que me ocorria naquele momento era abraça-la e beija-la. Não foi dificil contar aos meus pais, nem aos pais dela, a notícia da gravidez foi acolhida com comemoração. Eu aceitei naturalmente embora não estivesse nos meus planos do momento; contudo aceitar essa gestação implicou em mais coisas do que eu imaginava que implicaria. Eu me lembro de quando a vi pela primeira vez, da forma como nos olhamos... dos olhos grandes dela, curiosos e assustados. Lembro de como o acaso pareceu favorecer nosso primeiro beijo, e de como fechei os olhos agradecendo pela primeira noite que fizemos amor. A partir daquele dia, eu a veria todos os dias...

Agora ela dorme tranquila, embalando nossa criança no ventre e nos sonhos; mas para mim a noite reservou a solidão.. eu me sinto tão só... só por que minha própria mortalidade se fez tão evidente... por que minha função biológica se cumpriu e agora eu não sou eu, mas apenas mais um elo na cadeia das gerações que começa a florar para um novo começo que será além de mim mesmo, por si só.

Solidão

http://www.youtube.com/watch?v=loNU4fVpO8E

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O primeiro paciente que perdi...

As pessoas gostam de falar... principalmente sobre o que não sabemos e não imaginamos. Falamos para exaltar a nos mesmos e nos furtarmos da perspectiva aterradora de nossa própria pequenez diante das coisas.  É fácil falar da morte, e diria até que é fácil ver um homem morrer, quando simplesmente ignoramos a existência daquele homem como indivíduo e como uma história. O que chamamos de história é apenas uma sucessão de fatos interpretadas segundo uma ótica ora objetiva ora subjetiva. Ninguém conhece de fato a história de homem exceto ele próprio e os que estiveram perto o suficiente para participarem daquele homem; e no final todas as histórias se perdem.

Isso não aconteceu ontem, já faz alguns dias. Não escrevi nada antes porque confesso que a experiência me deixou um tanto abalado. Não pela morte em si, mas pela relação que eu estabelecera com esse paciente. Idoso, hipertenso, portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica grau IV, dependente de oxigênio. Veio internado pois uma internado pois sofrera uma infecção que agudizara e descompensara a doença. Quando assumi aquele paciente, seu quadro era gravíssimo e o prognóstico sombrio. A família informada das condições do paciente, optara por não realizar nenhuma manobra mais drástica caso o pior acontecesse. Ele ficou conosco internado por 28 dias dos quais boa parte ficara sob minha tutela; até que teve alta.

Um dia depois, nova infecção e nova agudização.  Ele retorna a enfermaria, lúcido e pouco sintomático. Achei que mais alguns dias e ele voltaria para casa e para a família que jamais o abandonava.  Lembro de alguns dias antes passar e brincar com ele. "O senhor não me engana, vem aqui por causa das meninas"; o velho olhou diretamente nos meus olhos, e me respondeu com um sorriso e uma bofetada moral: "Eu também venho aqui por causa dos amigos". Até aquele momento, embora eu fizesse de tudo para que todos os meus pacientes, ficassem a vontade e vivenciassem de forma descontraída nossa relação eu jamais considerei a possibilidade de que me vissem como amigo. Aquele velho de 84 anos, me mostrou isso.  Naquela noite eu havia sonhado que meu pai havia morrido. Meu pai que é portador da mesma doença. Acordei pensando no meu pai e nele, pensando em como poderia convencer meu pai de que com o devido tratamento ele poderia viver muito mais. Quando cheguei para visita da manhã, ele começava a descompensar seus sinais vitais. Ele faleceu, enquanto segurava em minhas mãos. Enquanto conversava com a filha foi difícil segurar as lágrimas... me afastei e fui sozinho chorar num canto vazio do hospital. Não era um paciente, era um amigo quem havia falecido...

Ele faleceu com 84 anos, e Deus sabe o que esse homem lutou na vida. Pai de seis filhos, fora evidentemente um pai amoroso e bem sucedido em passar valores aos filhos e netos, pois não havia um só dia em que estes o abandovam, e em nenhum momento, nenhum deles demonstrou o mínimo incomodo em estar ali. Me senti desolado e solitário. Não só por ele e pela família, não pela amizade que desenvolveramos, mas pela fragilidade de nossa condição, pela insignificância de quase 100 anos de luta e sobrevivência. Pela decadência inevitável de todas as coisas, pela minha própria insignificância que se mostrava agora tão esmagadora.


Tornar-se adulto.

Vc deixa de ser criança quando percebe o valor e a necessidade de sair da casa dos seus pais para construir sua identidade e sua vida, e percebe que se tornou realmente adulto quando sente um desejo indizivel de voltar para perto de seus pais e cuidar das pessoas e do lugar no meio do qual cresceu. Você deixa de ser criança quando passa a desejar experimentar varias parceiras, e percebe que se tornou adulto quando verifica que uma parceira de verdade é melhor que varias de mentirinha. Você deixa de ser criança quando começa a se importar em como o mundo te enxergar, e se torna adulto de fato quando passa a se importar com o que você realmente é e com a forma com a qual vc enxerga o mundo. Você deixa de ser criança quando percebe a necessidade de adentrar a vida de adulto, e se torna adulto de fato, quando soma sua vida de adulto a com experiencia espontânea de ser uma criança responsável. Embora eu seja dono do meu mundo, por maior que ele seja, ele é só uma parte do resto do Mundo, composto pelos mundos de todo mundo. Somos todos crianças enquanto queremos ficarem primeiro, nos tornamos adultos quando encontramos nosso lugar.


Não gosto de ser tão taxativo mas essas coisas simplesmente me surgem a mente de forma postulatória.

sábado, 18 de agosto de 2012

Roupas misturadas no armário...

Se me perguntassem porque, eu saberia dizer vários porquês, dos corriqueiros aos mais sagrados. Talvez seja porque ela veste meus pijamas, ou por que ela me procura no meio da noite enquanto trabalho e diz que esta com fome. Talvez seja porque ela me abraça como quem abraça um urso de pelúcia, ou pelo jeito curioso com que ela se interessa por todas as coisas estranhas e monótonas que tenho pra contar. A verdade é que a vida ficou melhor com ela por aqui e com a forma como ela participa de tudo. Mas nem tudo são rosas, eventualmente posso levar uma tremenda bronca se sair logo cedo e não dar um beijo enquanto ela ainda dorme. No começo eu acordava quando ela se mexia e hoje é estranho dormir sozinho. Que bom que ela esta por aqui.

sábado, 14 de julho de 2012

Mais um ponto da jornada que se vai

À mulher, ele declarou: “Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará”. E ao homem declarou: “Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. E o sangue que havia em Adão respodeu: Não!

Estou neste momento escrevendo da rodoviária de Marília. Marília com suas músicas Sertanejas, seus espaços e ladeiras, seu inevitável tom ambíguo entre chegada e despedida. O Sol se levantou a pouco, há umas duas horas, junto com minha saída do ultimo plantão que fiz, no Hospital Maternidade Gota de Leite. Um plantão noturno, numa sexta feira treze. Nutrido de serviço, refeições quentes, risadas, conversas sobre cinema e histórias de fantasma. São oito horas agora e ficarei aqui até as nove, na companhia de minha mochila de viagem e minha mala, dois pães de queijo e um copo de café com leite. Volto para casa dos meus pais, rotina que venho cumprindo semanalmente desde que meu pai adoeceu. Em outros tempos voltar para casa me soava algo restritivo, mas o o passar do tempo converteu essa sensação ou minha capacidade de apreende-la, numa oportunidade de mandatoriamente desvincular-se de tudo e descansar no aconchego familiar. Me aguardam la, meus pais, minha tia, meu irmão, minha namorada. Pessoas que amo e que são importantes para mim; e que pelo simples fato de existirem garantem que minha chegada seja coroada de alegria; mas não consigo partir sem levar comigo algo de tristeza pelas coisas que aprendi a amar por aqui. Talvez alguém ria de mim mas por um momento pensei em desistir da neurocirurgia e me voltar a obstetrícia. Mas a verdade é que gosto antes de tudo de ser médico e possivelmente eu seria feliz em qualquer área que perseguisse. De alguma forma eu me vinculei aquele hospital e seus funcionários e agora lamento por ir embora. Vou sentir falta da Gota de Leite, com seus corredores estreitos, escuros e algo fantasmagóricos, repletos de fotos antigas que testemunham uma fase de uma das mais antigas especialidade da medicina; da comida quente; das consultas intermináveis, do som do Cardiotocografo, dos companheiros de plantão e das enfermeira, algumas verdadeiras e sábias Midwives, com tanto tempo de casa e com tantas histórias que podem nos transportar a outra época. Fiquei parado um tempo olhando a fachada da Maternidade antes de dizer obrigado mais uma vez e ir embora. Essa parece ser a lei que governa a existência de um homem. Caminhar, agradecer e seguir em frente, errante até que não tenha mais pernas para caminhar e braços para trabalhar, e em sua última restrição; pela mão de seus pares e entes queridos, seja devolvido ao aconchego e aos braços de sua família.

domingo, 24 de junho de 2012


Cap 1 – Por uma definição de astrologia

1. O principal caráter da astrolgia tradicional em contraposição a astrologia moderna é que ela nunca foi uma ciência completa em si mesma, antes, ela depende do aprendizado de suas ciências mães e irmãs.
2. Qualquer tentativa de dissocia-la implica numa visão caricatural.
3. É um erro de análise fenomenológica dissociar a astrologia de suas correlatas, isso implica e distorcer sua real imagem, sentido e propósito.
4. São as ciências mãe da astrologia
a. Filosofia
b. Teologia
c. Metafísica
5. Estas são a origem de seus princípios e fundamentos
6. São as ciências irmãs da astrologia
a. gramática,
b. música (ou estética em geral),
c. lógica,
d. retórica,
e. aritmética
f. geometria
7. Estas partilham com a astrologia uma contiguidade em função de convergirem aos mesmo princípios, o que lhes permite formar uma perspectiva de mundo epistemológicamente válida.
8. O Astrólogo deve ser capaz de enunciar os princípios teológicos, filosóficos e metafísicos que fundamentem as regras que aplique
9. Além disso, todo esse conhecimento deve convergir numa síntese organizada ao derredor do Intelectus primus, o Verbo ou Logos divino.
10. O astrólogo deve ser um homem de espiritualidade,  e seus conhecimentos devem ser integrados no eixo de uma realização espiritual pessoal
a. Nota:  era esta mesma síntese que muitos ocultistas defendiam, talvez de forma menos refinada e elegante que a do filosofo O.C.
11. Essa integração tem por atributos que a acompanham
a. piedade,
b. retidão interior inflexível,
c. obediência antes à voz do Intelecto do que as demandas da mundanidade e do bom-tom
12. As ciências irmãs correspondem cada uma a um dos planetas astrológicos
Lua gramática
Marte música
Mercúrio lógica
Júpiter geometria
Vênus retórica
Saturno astrologia
Sol aritmética

13. A falha no conhecimento destas implica numa falha da compreensão do simbolismo astrológico
14. Igualmente um musico que ignora o simbolismo astrológico das notas musicas faria com que sua musica apenas restajasse em sentimentos corriqueiros incapaz de elevar-se a colaboração na grande sinfonia cósmica
15. O fim de todas as ciências tradicionais não é outro senão colaborar na obra divina
16. É apanágio de todas as civilizações rotuladas como Tradicionais ou Arcaicas, um alto grau de síntese em seu modus congnoscendi. Toda expressão cultural de seu conhecimento é ampla e organicamente vinculada a uma série de princípios que embasam esse conhecimento.
17. Em razão disso, existe um previlégio no uso de símbolos no lugar do discurso.
a. Nota: os símbolos constituem em si mesmos, os pontos de intersecção lógica entre uma forma de conhecimento e outra.
18. Isso implica em duas coisas:
a. o conhecimento tradicional torna-se intraduzível a visão fragmentária moderna
b. o aprendizado das ciências tradicionais implica numa transformação pessoal do indivíduo que deve aderir ao modus congnoscendi proposto
19. A astrologia é coerente a todas as produções humanas e formas de perceber do psiquismo pois é o modelo natural que se apresenta ao homem como ferramenta de alocação espacial,
20. Por sua vez o psiquismo humano se acopla ao modelo astrológico pois todas as estruturas psíquicas e representações se formam a partir do seu ambiente
21. o estruturalismo, o funcionalismo, a dialética, o enfoque sistêmico e quantos mais modelos explicativos as ciências humanas têm proposto nos últimos decênios não são mais do que aplicações parciais, fragmentárias e mutuamente isoladas, de possibilidades intelectivas que, no corpo simbólico da astrologia, são oferecidas todas de uma vez e organicamente integradas.
22. Exemplos do uso da metologia astrológica na síntese de conhecimento
a. Ars magna – Raimundo Lúlio
b. A Enciclopédia dos irmãos da Pureza
c. Cosmologia de Santo Isidoro
d. Cosmologia de João Escoto Erígena
e. A organização do conhecimento por Boétius
23. Timeu
“De todas as especulações que atualmente se podem fazer sobre o mundo, nenhuma teria sido possível se os homens não tivessem visto nem os astros, nem o Sol, nem o Céu. Porém, na situação efetiva, existem o dia e a noite, os equinócios, os solstícios,
coisas que nos deram o conhecimento do número e nos permitiram especular sobre a essência do universo. Graças a isso foi nos dada essa espécie de ciência, da qual se pode dizer que nenhum bem maior foi jamais dado ao homem... O motivo pelo qual Deus criou a visão foi seu pre-conhecimento de que, tendo nós humanos observado os movimentos periódicos e regulares da inteligência divina nos céus, poderíamos fazer uso deles em nós mesmos: tendo estudado a fundo esses movimentos celestes, que são partícipes da retidão da inteligência divina, poderemos então ordenar por eles nossos próprios pensamentos, os quais, deixados a si mesmos, não cessam de errar. ”

O Espírito sopra onde quer...



O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 
João 3:8



Nos últimos dias esse trecho do evangelho tem ressoado em minha mente, e se feito visível em diversos estudos ou mesmo em momentos de diversão. Recentemente assisti ao filme Amadeus que conta a história do conflito entre Mozart e Salieri. O maior desejo de Salieri era tornar-se um tradutor da obra divina na terra, imortalizando-se por sua obra musical. Contemporaneamente a ele, surge Mozart, a quem Salieri imediatamente reconhece um verdadeiro colaborador da divindade por sua composições. Contudo, diferentemente de Salieri cuja vaidade e ambição impeliram a uma vida cheia de promessas e falsa piedade, Mozart é avesso a todos esses modos, sendo nas palavras de Salieri uma criança vulgar e obscena. A perplexidade de Salieri reside na sua incapacidade de compreender como alguém como Mozart poderia ter atingido aquilo que em anos de devoção pia ele falhara em conseguir. Logo Salieri se ve consumido pela inveja, volta-se contra Deus e tenta sob todas as formas destruir Mozart em sua falsa amizade, até que ele consegue. Essa destruição entrentanto, torna-se a cristificação de Mozart que morre tragicamente ainda em sua juventude, imortalizado-se por sua obra enquanto Salieri vive para ver o sucesso póstumo de seu rival e o simultâneo esquecimento de sua própria obra.

É notavel que Salieri tenha rezado e feito promessas a Deus para tornar-se o eleito, mas quando o eleito se apresentou diante dele ele não soube aproveitar desta graça. Ele não soube compreender a mensagem que dizia "você nao precisa imitar um santo qualquer, nem se castrar ou se restringir para ser meu eleito, você precisa apenas realizar a obra, e para realizar a obra você precisa apenas ser..." Essa é uma mensagem por vezes dificil de compreender e são frequentes os exemplos na vida e na literatura que implicam nesse gênero de desfecho. Não se tratava pois de seguir convenções mas de ser, de emular a si mesmo. Neste espírito volto a publicar os estudos sobre a obra atrológica do Filósofo Olavo de Carvalho. Este homem com língua e pena tão afiados para atacar os ocultistas, tem ao meu ver, sem duvida, o sobre de Elias Artista ressoando em sua alma, o verdadeiro espírito Rosa Cruz. Furto-me ao erro de Salieri e continuo o estudo de sua obra ad majorem Dei Gloriam et ad bonorum humanitatis. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Estudo do Livro "Astros e Símbolos" - parte 1

Segue o estudo prometido

 Estudo: Astrologia - Astros e Símbolos
Olavo de Carvalho

Prefácio
1. As doutrinas tradicionais visam a realização efetiva das possibilidades espirituais humanas
2. Elas só são possíveis de realização quando inseridas dentro de um contexto religioso tradicional, dentro da norma e do rito
3. Fora deste contexto as doutrinas tradicionais e aspirações ao conhecimento elevado se perdem na degeneração ou inversão das doutrinas no sei de organismos pseudo iniciaticos; fora deste contexto não existe iniciação
Nota: ao meu ver isso é incorreto, as doutrinas tradicionais e iniciação  não demandam necessariamente a adesão a uma religião organizada, apenas a perspectiva tradicional que em si mesma admite a heresia.
Nota2: contudo, a disciplina religiosa e a observância dos ritos cria um arcabouço psíquico no qual o homem se torna um microambiente adequado a manifestação do sagrado.
Nota 3: em sua outra mão, a observância dos ritos e normações religiosas, em que se pese de propósito, segurança psíquica e um certo gênero de felicidade, incorre em dois problemas: a criação de entraves psíquicos e a negação perniciosa até certo ponto, da intimidade psíquica com seus caracteres de todo particulares. Insisto sobre o ponto de uma perspectiva tradicional dissociada de uma relação alienante com a normatividade religiosa. A normatividade religiosa por sua vez é um eficaz sistema espiritual quando aceita voluntariamente, livre da coerção punitiva ou da imposição cultural.
4. O Autor evidencia, uma verdade histórica, a igreja de fato nunca foi realmente forte no Brasil, em função de uma desestruturação histórica promovida pela vida selvagem, pelo sincretismo, e pela oposição intelectual dos governos, exércitos e da maçonaria.
5. No ambiente atual é fácil tornar-se cooptado por um pseudo-mestre que passe um conjunto de praticas mágicas destinadas a criar impressões e escravizar a mente(propaganda subliminar) incutindo ideias que levam não a tranquilidade espiritual mas ao desespero e inversão de valores.
6. Segundo o Autor para furtar-se a esse gênero de falsificação é necessário
Aderir a uma religião tradicional
Abdicar da arrogância opinativa individualistica aceitando o que todos tem acreditado sempre
Chegar a prática de uma moral sã

Nota: fica evidente que o autor, apesar de amplamente versado em teoria do conhecimento, ainda considera a região institucionalizada como a única forma de treinar a mente para percepção do conhecimento transcendente. Contudo, o valor dos ritos é observâncias reside na criação de uma mentalidade especifica o que implica por sua vez na construção de um paradigma ou perspectiva notadamente marcada pela consciência do poder realizador do símbolo sobre a alma e num certo momento, sobre o mundo em paralelo a criação dessa perspectiva moral.

Nota: a importância da "submissão a um  treinamento religioso", da abdicação da individualidade, da moral sã, em si é criar um microambiente psíquico estável e adequado ao conhecimento superior e a iniciação.

7. Grande parte  dos grupos que se dizem iniciáticos começam incutindo esse sentimento de superioridade a religião, que resulta na inflação do ego e no desencadeamento de um processo contra-iniciático
8. O objetivo do livro é tratar de astrologia espiritual e seu conteúdo  deve ser contextualizado com a ótica tradicional

Olavo de Carvalho

Se eu me acho uma figura algo curiosa, sem duvida não fico nem aos pés do Filósofo Olavo de Carvalho. Escrevo com letra maiúscula porque considero-o merecedor do epiteto, embora talvez eu não seja alguem de envergadura para dizer quem é ou quem não é Filósofo de fato. Eu contudo tenho envergadura para dizer o que penso e embora eu não seja aderente com grande parte de suas propostas, reconheço neste sujeito, um intelecto poderosamente organizado e coerente a ponto de ser a semelhança de Socrates, uma verdadeira enguia elétrica com proposições chocantes muitas vezes. Embora eu nutra divergências quanto a apreciação e interpretação fenomenológica de certos fatos, vejo nele um homem de rara intelectualidade e espiritualidade. Devo muito de minhas perspectivas espirituais e iniciáticas a ele, a um ou outro discipulo dele, e a Titus Buckart. Então resolvi publicar os capitulos de um estudo que realizei sobre seu magnífico Astros e Simbolos, uma verdadeira joia do pensamento espiritual e iniciático.

domingo, 29 de abril de 2012

Lenda pessoal...

As vezes dou uma risada algo vaidosa de mim mesmo... ocorre-me que posso parecer o personagem de um livro de historias... Moro sozinho, num bairro afastado, numa pequena casa geminada de tijolos a vista, com um pinheiro na frente, sou médico e oriento minha formação como neurocirurgião, não obstante devoto-me a estudar alquimia, astrologia, filosofia, lingua antigas e outras maluquices arcanas, os móveis de minha sala são de madeira cor de tabaco, o sofá verde e com listras, gosto de ópera, musica sacra e erudita. Atrás da minha poltrona repousa em silêncio um mastro forcado, e nao ousem me perguntar pra que serve. Subindo as escadas a direita esta o meu Oratorium, e a esquerda o banheiro e meu quarto, cuja varanda, da para rua, as vezes fico olhando de lá, a noite. Tenho ctz que se eu não dormisse comigo todos os dias eu acharia curioso conhecer alguem como eu.

Após um longo e tenebroso outono...

Faz algum tempo que não posto nada por aqui. Talvez por preguiça talvez por falta de entusiasmo. Hoje no entanto algo me entusiasmou profundamente. Foi a leitura do livro Astros e Simbolos de Olavo de Carvalho. Um verdadeiro balsamo a este compenetrado rapaz, avido pela "interiorização" e pela revelação dos "conhecimentos superiores"

Embora eu não adira de todo as idéias de Olavo de Carvalho quanto aos pré-requisitos para mística, esoterismo e iniciação; afirmo sem pestanejar que ele é uma das mentes mais coerentes ao falar das mesmas, muito embora caia vitima do excesso de rigidez lógica de seu poderoso intelecto. Realizei um bom estudo de seu prefácio e seu primeiro capítulo me deliciando a cada idéia; tudo isso ao som do maravilhoso Edvuard Grieg. Possivelmente eu publicarei meus estudos no blog para apreciação dos leitores. Enquanto isso deixo vcs com Solveig Song

 http://www.youtube.com/watch?v=x-wtYFc9o5A&feature=watch_response

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mais um sonho

Dia 25 de fevereiro de 2012 é para mim mais um marco importante. Mais um sonho realizado. Iniciei minha carreira como neurocirurgião conduzindo uma trepanação seguida de uma drenagem de hematoma subdural. A cirurgia foi um sucesso; mas minhas aventuras não pararam por ai. Realizei a punção e cateterização da medula de um paciente com pneumoencéfalo e ao sermos chamados para avaliação de uma possível meningite e coleta de líquor, verifiquei o equivoco no diagnóstico, sendo em verdade uma Apendicite aguda, . A paciente em questão havia realizado uma cesárea há 20 dias, e tinha um bebê para amamentar. Fico muito feliz de ter solucionado o caso a tempo e permitindo uma assistência segura para essa família. Acho que estou começando muito bem! Nesse sábado senti definitivamente que estava no lugar certo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Saturnino

um dia ensolarado como uma tarde de chuva, e uma sensação imensa de saudade de todos... o desejo de experiencia parece se perder em meio a tudo isso...

http://www.youtube.com/watch?v=H2-1u8xvk54&feature=related

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Final de Semana de Aventuras

Esse final de semana foi definitivamente aventureiro naquele pronto socorro. Quando encaradas frontalmente, situações adversas tendem a extrair o que temos de melhor em nós. Após esse final de semana, meu parceiro de plantão e eu, não apenas ganhamos mais experiencias e refinamos nossa técnica, mas com ctz nos tornamos pessoas bem melhores.

Não tenho muita experiência com medicina, nem meu conhecimento é tão grande; mas pelo que observo, as grandes comidas de bola que assombram a Carteira do CRM, provém  de uma abordagem tangencial de problemas e situações.  É numa atitude frontalizada que podemos mostrar nosso diferencial, independente do grau de conhecimento que tenhamos. Médicos não precisam saber tudo, mas precisam se importar, o aprendizado será consequência.

O outro lado da moeda

Agora estou num dilema íntimo sobre a imperiosidade de se escrever num blog...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ex tenebris ad lucem

As coisas parecem ter ficado claras e acho que entendi o que eu queria dizer pra mim mesmo...
A verdade é que não sou nenhum santo. Eu sei o quanto já errei... eu sei o quanto erro e eu sei o quanto posso ser horrível... não é uma falsa humilidade mas uma constatação objetiva de que sob determinadas circunstâncias posso causar sofrimento deliberadamente, ainda que usualmente eu procure ser cuidadoso em não faze-lo.

E fazer isso não me torna mais feliz... na verdade é uma fardo que ninguém divide. Por mais que isso as vezes nos faça sair das situações com uma aparente vitória, a sensação de engodo e derrota pode ser irremediável, sem ao menos ouvir um pedido de desculpas, sem levar nenhum gesto de conforto nem ao menos uma garantia de honestidade

Mas meus sonhos não são tão vazios quanto minha consciência pode parecer e meu amor pode ser uma vingança que nunca é gratuita...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Divino descontentamento II

Aprendi no curso de minha vida que sempre que ouvimos repetidamente uma musica estamos dando um recado a nós mesmos. É como se tivéssemos processado uma informação em nível não consciente e tentemos trazer isso a tona...

Eu me pergunto o que eu quero dizer a mim mesmo...


Behind Blue Eyes

Limp Bizkit

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes
And no one knows what it's like
To be hated
To be fated
To telling only lies
But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free
No one knows what it's like
To feel these feelings
Like I do
And I blame you
No one bites back as hard
On their anger
None of my pain an' woes
Can show through
But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free
Discover L.I.M.P. say it Discover (x4)
No one knows what its like
To be mistreated
To be defeated
Behind blue eyes
No one knows how to say
That they're sorry
And don't worry
I am not telling lies
But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free
No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes.

Divino descontentamento...

 qualquer coisa que eu pudesse escrever não deve ser dito... eu sei que devo ir além...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Segurando a lâmina com as mãos nuas e a arte de transformar situações

Todo conhecimento e todo ofício guarda em sua dimensão abstrata uma proporção com a universalidade das coisas. Desde percepção que ramos específicos do conhecimento podem revelar princípios de aplicação geral, revelando num plano intelectual e metafísico a idéia contida na máxima "Omnia ab Uno", a multiplicidade guardando sua razão de semelhança com a universalidade. 

Por isso diversos ramos de ofício transmitem ao mundo, cada um em sua própria língua, parcelas de uma apreensão da universalidade; das associações de pedreiros livres ao Gray's Anatomy(aliás, um ótimo trocadilho)

A mesma idéia pode se aplicar a qualquer forma de ofício e isso não foi diferente entre os famigerados guerreiros japoneses. Ninjas e Samurais. A idéia por trás de tudo é que pela imersão do pensamento numa atividade, essa atividade nos revele sua proporção com o todo. 

Mutou Dori; é a arte de agarra lâmina com as mãos nuas. Ela compreende uma série de técnicas de desarmamento contra armas brancas, sejam espadas, facas ou lanças.

Em mutou dori, não basta esperar o golpe; é uma forma avançada onde entramos no campo do desenvolvimento do coração de um guerreiro. A atitude não é de espera mas de oferta. Nas técnicas de mutou dori, oferecemos nosso corpo para ser golpeado. 


Pode parecer loucura oferecer a cabeça para ser golpeado por uma espada, mas esta atitude quando feita conscientemente permite controlar o desfecho de um evento inevitável. Isto é, numa situação de guerra, frente a um inimigo armado, você com certeza será atacado. Contudo, nessa aparente passividade, dirigimos o impeto do ataque segundo o que nos é conveniente dirigindo a situação segundo nossa vontade. 

No ocidente medieval muito se falou da aplicação do ativo sobre o passivo, os orientais porem parecem ter compreendido o outro lado da moeda. 


Existe na aceitação um mistério particular que reside justamente na forma como nos dispomos aceitar algo. Da mesma maneira que uma submissão cega entrega o controle da situação nas mãos do agente, a ação cega submete o agente a re-ação do paciente. 

Podemos transferir essa idéia a diversos aspectos de nossa vida, ofertando-nos voluntariamente as situações inevitáveis porém escolhendo a maneira mais conveniente de receber a situação. Na compreensão disto, repousa metade do poder transformador que existe a disposição de todos os seres humanos.

São duas esfinges... uma branca e uma negra, que conduzem o carro da vitória


Medicina, Astrologia, Alquimia, Perenialismo e Tradicionalismo......

Ao meu ver uma das maiores dificuldades do homem contemporâneo são as extensões artificiais do conhecimento. Desde pequenos vamos as nossas escolas aprendermos coisas "da mais alta importância" sem que recebamos a devida instrução sobre como aquele conhecimento se insere em nossas vidas. Entramos num processo onde somos constantes testemunhas passivas de uma forma de conhecimento, o que os torna, ainda que empiricamente ou demonstradamente verdadeiros, artificiais, uma vez que não participamos da demonstração.

Pode ser estranho que alguém que seja médico ou quase isso, se interesse por astrologia, alquimia e tradicionalismo; mas o fato é que a perspectiva por trás destas artes ou ciências é profundamente intimista. Para entender qualquer uma delas com a devida vênia, é preciso que o homem contemporâneo faça o gigantesco esforço de se por frente a frente com a experiência. Não mais numa relação de ele e eu como nas ciências contemporâneas, mas numa relação de tu e eu.

Só se apreende a idéia do passo dos planetas e dos símbolos alquímicos, quando conseguimos realocarmo-nos em nossa consciência para uma relação frontal com os símbolos utilizados nestas "ciências" tendo o cuidado de entender que seu significado nasce da apreenssão de um significado simbólico e abstrato de uma experiência direta da realidade.

Essa é diferença crucial entre o homem tradicional em sua relação "tu e eu" com o homem contemporâneo nas suas relações "ele e eu". É também, ao meu ver, a diferença entre uma medicina humanista e uma medicina desumanizada.

Não sei se um dia vou compreender o sentido moral da marcha do universo, ou se vou produzir ouro... mas com certeza creio que vou entender melhor o valor e significado das coisas.

Mais uma chance...


Nos meus primeiros dias de PS eu vi coisas muito diferentes da usual rotina de ambulatórios. Dentre essas um paciente etilista crônico profundamente embriagado, com o ouvido minando pus e uma infecção osteocutânea atrás da orelha. Eu quis fazer algo mais por ele do que simplesmente uma dose cavalar de antibiótico e um curativo local. Não consegui ir muito alem disso ja que minha autonomia ainda é restrita e ele proprio se recusava a manter-se no hospital. Aquele paciente ficou na minha cabeça enquanto eu pensava que ele era uma bomba relógio para desenvolver um abcesso cerebral. 

Hoje ao passar rapidamente pelo PS, encontrei ele saindo de pijama, para tomar ar nos fundos do hospital. Ele não cambaleava nem cheirava a álcool. Esta sóbrio e bem alerta, a voz era rouca provavelmente em função do uso de longa data de álcool e cigarros. O abcesso realmente se desenvolvera, contudo ele agora estava sóbrio e cuidando-se devidamente. Me sentei junto com ele e ficamos conversando por algum tempo, expliquei pra ele sobre as doenças que tinha e que deveria tratar; tanto sobre a infecção como sobre o álcool.(Por que vício não é falta de vergonha na cara nem um problema emocional, vício é uma DOENÇA NEUROMODULADA). 




Ficamos ali um bom tempo sentados no banco dos fundos do hospital, conversando. Hoje estava um dia especialmente silencioso... Conversamos sobre o que acontecia como ele, como ele poderia conduzir sua própria vida para nao retornar ao caminho obscuro que vinha trilhando.

Ele agora pretende internar-se num hospital psiquiatrico após o tratamento do abcesso para aprender a lidar com a dependencia

Deixei com ele um papel rascunhado, explicando brevemente a ele o que acontecia com sua saúde. 

Todos na vida merecemos uma segunda chance. Todos merecemos uma nova oportunidade de escolha para fazer a melhor escolha para nossas vidas. O ponto crucial é estarmos lúcidos o suficiente para utilizarmos essa nova oportunidade...

... hoje eu fui lúcido para utilizar a minha

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sounds of silence...

cri... cri... cri...
é, o negócio deu mais certo do que eu imaginava, escolhi o fundo meio sem ver, mas saiu bem legal =D

Das coisas essenciais...

Creio que todas as inciativas demandem alguma forma de causalidade. Eu sou um sujeito que talvez não seja o mais in; na verdade me creio extremamente fora de moda e alguns de vocês podem achar que isso a sua maneira uma alienação. Talvez eu seja realmente alienado e agora que todos estão no twitter eu resolvi ter um blogg ou talvez permaneça constantemente lutando para circunscrever e redefinir segundo o que quero, minha própria identidade e por isso por vezes ande na contramão das coisas. Nec turcos, nec iquaesitores.

Eu não sei direito por que os blogs surgiram e não estou muito certo do por que estou fazendo um... Hoje esta infernalmente quente mas o alojamento médico esta agradável e silencioso e eu contudo não estou conseguindo me focar devidamente para me afundar nos livros.  Sinto falta de uma boa escrivaninha, mas nao posso me queixar, tem sido dias bastante divertidos por aqui